terça-feira, 12 de junho de 2012

Decreto torna uso obrigatório de 'presidenta'

Desde o último dia 13 de abril Dilma Roussef deve mesmo ser chamada de presidenta. Graças a um decreto presidencial, a Lei 12605, não se diz mais "a presidente", como rezava a antiga norma culta. A lei publicada no Diário Oficial da União determina o uso obrigatório da flexão de gênero para nomear professores ou graus em diplomas e certificados. Por isso, a professora Lilian Salete Alonso Moreira Lima, que até então era Mestre em Estudos da Linguagem, agora é mestra. Lilian, que é docente na Unopar, explica que por mais estranho que pareça, o decreto é a forma de oficializar mudanças na língua. "A própria ortografia da língua é uma lei. O recente Acordo Ortográfico nada mais é do que uma lei aprovada entre os países que têm o português como língua oficial". Ela reconhece, no entanto, que além de causar certo estranhamento, a nova lei oficializou formas que podem demorar a ser absorvidas pela população: "Depende muito de quem usa. Para aqueles que se sentiam incomodados anteriormente, o uso da flexão será imediato; os outros podem demorar um pouco mais para incorporar esses usos", aponta. Então, a partir de agora, vamos usar jornalisto, articulisto, dentisto, criminalisto, sindicalisto? Rindo, a professora Lilian diz que não. "Isso é uma lógica apressada, não vai ser assim. No caso de profissões terminadas em "a" como jornalista, dentista, é o artigo que determina o sexo do profissional e não a flexão de gênero. São os substantivos conhecidos como comuns de dois gêneros", garante. E como fica o caso de profissões que com a flexão de gênero se tornam substantivos iguais a palavras já existentes na língua, mas com significado diferente, como torneira (de torneira mecânica)? "Nesses casos", responde a professora, "o significado da palavra vai depender do contexto, é ele que vai desfazer a confusão". Ela também alerta que existem palavras que designam uma função, como gerente, e não uma profissão. Por isso, continuaremos a usar "o gerente" e "a gerente", mais um caso em o artigo é o responsável pela flexão de gênero. "Existe um mito de que a nossa língua é machista, mas isso não é verdade. A língua só diferencia o gênero das palavras. As pessoas é que dão uma conotação para elas. De certa forma, a língua reflete a sociedade que faz uso dela. Durante muito tempo usamos as profissões sem a flexão e ninguém questionou isso; agora que se questiona tanto a necessidade de valorização da mulher, essa ênfase também pegou a ortografia", indica Lilian. Para Lilian, que também é doutoranda em Estudos da Linguagem, a mudança não deve ter efeito prático: "Sinceramente, eu acho que não é mudando o gênero da palavra que a mulher vai ser mais respeitada. Eu sou mestre em estudos da linguagem e nunca me senti mal por isso. Vale lembrar que na nossa língua o masculino é não marcado, ou seja, ele é um gênero abrangente, vale para homem e mulher; o feminino é que é exclusivo para mulher. Portanto, se a gente pensar nas regras, o português seria uma língua feminista e não machista", conclui. fonte:bonde.com

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